sábado, 17 de julho de 2021

Ócio do Ofício......("Dalai Lama")

 Ócio do Ofício

 


A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar

do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e

ela sempre me soou estranha. Chegou a hora de reprimir de vez o

impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa,

protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha

hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para

controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da

frase, hoje absolutamente clara.

Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.

Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que

significa isso.

Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de

mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos,

como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos,

confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas

escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros

também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão

umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os

dois lados, mãe e filho.

Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse

vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em

que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e

recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos

lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no

fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o

conforto nas horas difíceis.

Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o

maior desafio e a principal missão.

Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto

seguro para quando eles decidirem atracar.

"Dê a quem você Ama :

- Asas para voar...

- Raízes para voltar...

- Motivos para ficar... 

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